Jogar e Brincar

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para crescer pessoal e socialmente!
 

Os bons brinquedos, parte 2

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“As crianças têm o direito a descobrir que os melhores brinquedos das crianças são os pais.”, disse Eduardo Sá a propósito da sua “reinvenção” dos direitos das crianças. Os pais (ou cuidadores) são assim outra das peças fundamentais do vértice do triângulo que define a base da dinâmica do brincar. Não é simplesmente porque são pais, ou porque partilham caratéres biológicos; mas porque são eles que transmitem as bases fundamentais de segurança e de noção dos limites, que são as ferramentas essenciais para que a criança explore o mundo das pessoas e dos objetos, para que aprenda brincando/ experimentando o que existe à sua volta ("segurança" e "limites" é muito mais do que "regras", como veremos mais à frente). E são as brincadeiras e dinâmicas que se estabelecem nos primeiros anos de vida (aqueles em que os pais estão mais presentes na vida da criança – quantitativa e qualitativamente) as que marcam mais significativamente a aquisição destas ferramentas. São os pais que provocam os primeiros risos (e o prazer daí decorrente); que mostram novos brinquedos e objetos; que chamam à atenção para os pormenores das coisas; que ajudam a descobrir as maravilhas dos cinco sentidos; que abraçam quando as crianças se assustam, quando aparece uma saudade, ou simplesmente quando apetece; que vão a correr sempre quando há um choro; que mostram as diferentes emoções e como lidar com elas; que cuidam quando há um “dói dói”; que garantem que um “estranho” é ou não de confiança; que mostram os limites da segurança; que ensinam que as coisas têm nome e que respondem aos primeiros “porquê”; que incentivam os primeiros desafios (físicos – começando nos primeiros passos; cognitivos – resolver os “quebra-cabeças” dos primeiros brinquedos; e sociais – a introdução aos outros meninos no parque) e que mostram que pode haver mais do que uma maneira para resolver um problema (e que esse “problema” não é o “fim do mundo”; e que mostram que há coisas que se podem fazer e outras que não se podem fazer (e que isso ajuda em muitos aspetos da vida).
A maior parte destas coisas acontece sem pensarmos muito nisso, no dia-a-dia. Se pensássemos (se planeássemos a nossa maneira de estar com os miúdos), faríamos certamente muitas delas de forma diferente, provavelmente mais adequada ao que realmente desejamos para as nossas crianças - mas nem sempre é fácil compatibilizar isto com o stress das nossas vidas pessoais. É por isso que lhe sugerimos, para terminar, que faça uma experiência: sempre que tiver oportunidade para brincar reserve um minuto no final, para pensar como correu aquela “experiência”; será que é mais fácil mostrar aos pequenotes os princípios de vida que você deseja, no meio duma brincadeira? Se sim, já sabe: brinque mais; se não: brinque na mesma… porque brincar sabe bem e faz bem!


Francisco Lontro, diretor pedagógico da pimpumplay, francisco.lontro@pimpumplay.pt
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O que define um bom brinquedo? Parte 1

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Caixa de Cereais transformada em labirinto de berlindes

À medida que os cientistas vão revelando mais dados objetivos sobre o papel fulcral do jogo e do brincar no desenvolvimento e na aprendizagem humana, mais se torna essencial pensar nos brinquedos e jogos que damos aos nossos filhos e sobre a forma como nós, adultos, encaramos o “processo” de brincar.
Brincar/ jogar são atividades de exploração, de experimentação, de recreação e de aprendizagem pessoal e social. Na base do “processo” está obviamente a pessoa que brinca – com os seus interesses e competências pessoais; mas os dois outros vértices deste triângulo são igualmente fundamentais: por um lado os objetos com que se brinca/ joga; por outro, o meio social que rodeia a brincadeira/ jogo. Todos estes representam fatores a que devemos estar atentos, sobretudo quando o que queremos é estimular o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, duma forma natural, divertida e motivante. Na primeira parte deste texto vamos centrar-nos nas caraterísticas que definem um bom brinquedo ou jogo.
A principal caraterística é também a mais óbvia: um bom brinquedo/ jogo tem que motivar os seus utilizadores; tem que provocar um bem-estar e um prazer na sua utilização, que desperte o apetite para voltar a utilizá-lo e até mesmo reinventá-lo. Neste capítulo, se falamos de crianças sabemos que na maioria das vezes não são os mais exuberantes que provocam entusiasmo, mas sim aqueles que vão ao encontro do fantástico da criança, ou seja aqueles que elas concebem serem capazes de ser um veículo para a realização das suas fantasias: pode ser uma bola, que me vai tornar no futuro Cristiano Ronaldo; uma casa de bonecas que me vai tornar numa mulher inteligente e esbelta como a mãe; ou até uma simples caixa de cartão que vem com a promessa de se tornar num avião igualzinho aos que o pai mostrou naquela vez que passaram pelo aeroporto! Um bom brinquedo raramente é “o da moda” (desenhos animados e “companhia”), pois esses são “pré-formatados”, criados atendendo aos fenómenos de massas e raramente despertando o sentido criativo das crianças!
A segunda caraterística que deve avaliar é a segurança. Na União Europeia a marca CE é uma primeira garantia de aquele produto foi avaliado e é seguro, para os fins e a idade indicada na embalagem. No entanto, são conhecidos variadíssimos casos de produtos que acabam por ser retirados ou que provocam acidentes. A indicação do tipo de tintas utilizadas e a atenção às caraterísticas físicas dos brinquedos não devem ser descurados (objetos cortantes ou mal acabados, peças amovíveis, etc.) – lembre-se que embora se diga que “no tempo em que éramos crianças não se ligava a essas coisas e sobrevivemos”, a verdade é que há 20 anos atrás não havia um centésimo dos fabricantes de brinquedos que existem hoje… ou seja, hoje haverá certamente cem vezes mais fabricantes pouco preocupados com o bem-estar da criança! Aconselhamos também que verifique dados como a proveniência das madeiras (se são fabricados em madeiras provenientes de florestas de corte controlado) e se são fabricados a partir de materiais reciclados e recicláveis!
Em terceiro lugar destacamos o nível de dificuldade e a versatilidade do jogo/ brinquedo. Por norma essa indicação é dada a partir da “idade recomendada”; mas isso é manifestamente redutor e pouco claro. Um jogo/ brinquedo deve ser sempre um desafio e por isso deve “crescer” com os seus utilizadores. Um puzzle pode tornar-se num jogo de observação ou servir de base para contar uma história; um bom jogo de tabuleiro pode ser jogado a diferentes níveis; e um bom brinquedo para bebé vai estimular várias competências que acompanhem o desenvolvimento da criança por algum tempo. Um bom jogo/ brinquedo deve por isso ser versátil. Leia com atenção a descrição do brinquedo/ jogo e procure saber se há variantes de utilização (que normalmente indicam diferentes níveis de complexidade) ou então tente imaginar para que pode servir aquele brinquedo se estiver no quarto do seu filho no próximo Natal – se achar que ele vai servir exatamente para a mesma coisa e que vai ser utilizado da mesma forma, então provavelmente este não é um bom brinquedo/ jogo. É por isso que dizemos que a larguíssima maioria dos jogos de consola e computador são maus mediadores de brincar para crianças. Salvo raras exceções, são pré-formatados, fornecem um “caminho” fechado para a resolução dos problemas e espoletam uma baixíssima taxa de interacção social e criativa: são puros instrumentos de recreação; pouco mais! Se comprar este tipo de jogos para o seu filho, sugerimos que tenha em conta a capacidade de personalização do jogo (das personagens, do cenário, etc.), o enredo por detrás do jogo (que história é que está a contar ao seu filho) e quais as possibilidades de estimular a socialização com outras crianças ou com os adultos através dele.
No próximo texto abordaremos os restantes vértices do triângulo de brincar e aprender…

Boas brincadeiras… divertidas e construtivas!

A equipa pimpumplay


AfterShock - disponível em www.pimpumplay.pt

A boneca "mal educada" que está a indignar pais e educadores!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Ontem deparámo-nos com esta notícia na rádio, que nos deixou estupefactos: “boneca à venda na Toys’r’Us deixa pais americanos indignados”, dizia o locutor… o mais bizarro viria a seguir; é que parece que a dita boneca, para além das habituais gracinhas de movimentos e risadas, acrescenta ao leque de características o facto de dizer palavrões. Exagero do locutor: afinal a boneca só diz um palavrão… e afinal nem diz; balbucia apenas “…crazy bitch”. Nada de grave, segundo os distribuidores da marca, que afirmam que vão manter a boneca no mercado, acreditando certamente no seu valor (veja o vídeo em baixo).
Não querendo particularizar, pois o criador desta maravilha terá certamente as suas razões para a ter feito deste forma – semelhantes às de tantos outros fabricantes de brinquedos – o que nos chamou mais a atenção foi de facto do alarido que o brinquedo está a ter, prevendo-se uma explosão nas vendas para este Natal. É então este contacto perverso com os media que nos dá que pensar! Porque no fundo, a boneca “mal educada” alimenta a sua popularidade exatamente da mesma forma do que outros brinquedos de valor educativo – e mesmo lúdico – (no mínimo) duvidoso: com as mensagens, estratégias e imagens que os marketeers testam à exaustão para ludibriar as mentes mais ingénuas (as “modas” e as tendências de estação para as crianças!); e com a dificuldade que os pais têm de lidar com os desejos bem vincados dos mais pequenos!
É indiscutível que o Natal é sobretudo para as crianças: é sobretudo nelas que queremos ver os sorrisos estampados; é nelas que imaginamos e desejamos toda a felicidade do mundo. Mas o que será que as faz realmente felizes de forma duradoura? Serão estes brinquedos "massificados", de usar e deitar fora (ou encostar a um canto já em Fevereiro ou Março)? Ou será a possibilidade de ter um brinquedo, um jogo, que se partilha, que se usufrui com os pais, com a família ou com os amigos vezes sem conta? Perca um pouco de tempo a pensar nisto… Deixamos-lhe a dica que sempre dizemos aos pais que nos contactam por telefone ou email: “Antes de escolher um brinquedo ou um jogo para o seu filho/ família, pense primeiro no que gostava de brincar com ele.”; porque se brincar for uma atividade de prazer para todos vai ver que os sorrisos se multiplicam e se mantém por muito mais tempo… na sua família e em si!
Para terminar, sugerimos-lhe que consulte este sítio de internet com os mais novos aí de casa. Trata-se de um projeto bem interessante pensado para ajudar as crianças a lidar com a publicidade. Certamente uma ajuda ainda bastante válida para este Natal - clique aqui.


Brincar na rua... e os joelhos sem arranhões dos miúdos de hoje!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O professor Carlos Neto veio a Leiria partilhar as suas ideias; começou por dizer que os miúdos de hoje têm "os joelhos limpos". Apesar de também ter falado dos seus tempos de infância junto ao rio Lis, não se tratou duma questão de nostalgia. É que de facto a rua é cada vez menos usada pelas nossas crianças. São cada vez mais horas no sofá; são cada vez mais atividades pré-formatadas... e cada vezes menos tempo de partilha espontânea, de aprendizagem social, de exploração da motricidade e da criatividade. Sinais dos tempos... muitos dirão! Certamente que sim, mas quem faz o nosso tempo somos nós. Por isso temos a possibilidade real de mudar o estado das coisas. Temos obrigação: de exigir melhor espaço público e de aprender a valorizá-lo (sem ter que estar dependente das iniciativas das entidades públicas); de acompanhar os miúdos a esses espaços para que fiquem em segurança; de lhes mostrar as nossas brincadeiras para que as aprendem e criem as suas próprias para além das consolas e dos jogos bélicos... na publicação anterior demos algumas ideias. Reveja-as e trate da mudança da sua família ou da inspiração das famílias que estão à sua volta. É uma questão de saúde pública; é uma questão de bem estar de todos!
Lembre-se: brincar sabe bem e faz bem!!!!

Brincar faz bem... e sabe bem!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sejamos realistas: a nossa sociedade está cada vez menos para brincadeiras!!! Dizem-nos os economistas, os políticos e todos os que aspiram ter um ponto de vista credível nos meios de comunicação social. Julgamos que é aqui que reside uma parte significativa do problema: é que vivemos cada vez mais afastados afetivamente do processo de crescimento dos mais pequenos: delegamos grande parte do processo educativo nos "especialistas", brincamos cada vez menos, partilhamos cada vez menos! Tudo isto tem um preço, que estamos já a pagar... o "choque geracional" de que tanto se fala tem pouco a ver tecnologia e muito a ver com a forma como nos relacionamos com as gerações mais novas. Brincar, jogar é a forma mais simples de criar ligações entre gerações, de forma simples, imediata, com canais de comunicação com muito poucas barreiras. Por isso fica a sugestão: brinque muito com os seus pequenotes e promova a brincadeira junto da sua família e do seu grupo de amigos. Aqui ficam algumas ideias!
Junte-se à tribo... torne-se um(a) Embaixador(a) do Brincar, divulgue esta causa e assine já hoje a petição para a criação do Dia Nacional do Brincar!
Dicas de brincar... para miúdos e GRAÚDOS!

brincar, recrear, aprender... com materiais do dia-a-dia!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Na pimpumplay gostamos de todas as brincadeiras, especialmente quando são espontâneas, criativas e quando estimulam a descoberta, a partilha, a aprendizagem e a diversão! Brincar é, antes de tudo mais, um ato de recreação; e recrear exige uma viagem de introspeção, de (re)descoberta pessoal: uma espécie de pesquisa avançada à base de dados da nossa memória, que muitas vezes nos permite juntar partes de coisas que aprendemos para criar algo de novo (um brinquedo, um jogo, uma brincadeira); outras apenas nos impele a repetir ações/ brincadeiras que sempre nos deram prazer! É por isso que "brincar" nos faz sentir bem (mesmo quando somos adultos) e é por isso que brincar faz bem ("massaja" o cérebro, fá-lo trabalhar, processar e cruzar informação; ajuda-o a tornar-se mais "plástico"/ flexível)...  As brincadeiras e os jogos estão por isso - potencialmente - "ao virar da esquina". Não têm que ser fantásticas... apenas devem cumprir a sua principal premissa: fazer sentir bem a quem as partilha! Assim o faz Arvin Gupta, um engenheiro indiano, um ser fantástico que aos 24 anos decidiu que a sua vida seria bastante mais feliz/ realizada se abraçasse a criação de brinquedos como forma de estar e ser. Como esse é um sonho a que a pimpumplay, os seus promotores, também aspiram, deixamos-lhe aqui o testemunho da sua vida e obra fantásticas, numa conferência TEDindia:

E se os Parques Infantis fossem mais...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Na sexta-feira passada fomos à Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPLeiria, ao 6º Seminário de Desenvolvimento motor da Criança e ouvimos parte da apresentação da Professora Amália Marques. Recuperamos uma ideia bastante interessante: se os parques infantis são desenvolvidos para as crianças, porque será que as crianças não têm um papel ativo na definição daqueles espaços? E depois lembrámo-nos dum projeto com que nos cruzámos há talvez uns dois anos... e as duas ideias colam maravilhosamente bem... ora veja:

A Drive to Candy Land from Imagination Playground on Vimeo.

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